terça-feira, 14 de agosto de 2007

ainda sobre mamas

que é um tema muito em voga, a julgar pela discussão que se levantou a partir do blog da Rititi, e pelas inúmeras capas de revista e artigos...

Nas últimas 24 horas deparei-me com três notícias idênticas, respeitantes, no entanto, a três pessoas diferentes.

A última, ainda agora, era sobre a Floribela, que enchia a capa de uma revista cujo título principal era qualquer coisa como "o novo peito de Floribella". Podia ainda ver-se um destaque para uma citação do género "estou muito contente".

Ontem tinha ficado embasbacada ao folhear outra revista, ao deparar-me com a dupla página sobre a Solange F., rapariga de "ares modernos e emancipados", longe do espírito gata-borralheira da anterior. Acrescentava, a dita cuja, que divulgava o feito para ajudar outras mulheres que se sentissem em dúvida, ou inseguras, ou qualquer coisa assim...

Antes disso, outra notícia semelhante sobre já nem sei quem, mas com certeza alguém importante, para merecer estas honras de destaque...

Bem, mas tudo isto vem no seguimento de inúmeras outras notícias sobre essa imensidão de novas vedetas que polulam o nosso quotidiano socio-cultural. Nas televisões, nas revistas, nos jornais, na publicidade, na cabeça das criancinhas, na cabeça dos homenzinhos e, pelos vistos, na cabeça das mulherzinhas do nosso país. (Falo do nosso país, porque este fenómeno, que há décadas invadiu os Estados Unidos, depois o Brasil,países da América Latina e Espanha, vem atacando com força os nossos brandos costumes.)

Há dias, em conversa, dizia eu que esta mania de corresponder aos novos estereótipos da mass-media, alastrou em Portugal com a introdução de novos canais televisivos. Que eu me lembre! Porque do tempo em que saíram as novas revistas "femininas", ficou a moda do Wonderbra e pouco mais...

Hoje em dia é estrondosa a quantidade de "miúdas" ou "graúdas" que vai e muda as mamas. Assim.
Vedetas, as que divulgam e as que não divulgam.
Modelos nem se fala (anda tudo na loucura!!!).
A comum das mortais.
É de todos os quadrantes...

Quase todas argumentam, assim como alguns defensores, que é para se sentirem melhor.
Que havia aquela parte do corpo com a qual não se sentiam bem, que se sentem mais sedutoras, que finalmente podem vestir vestidos sem soutien, etc...

(Ah, já sei, a outra era a Sónia Brasão!
Mas quem diz estas, diz muitas outras, que me lembre!)

E isto, tudo isto, me entristece e agride, senhores.
Porquê, poderão perguntar.
Porque não encaixo isto na puta da minha cabecinha.

Porque, como todos, cresci numa sociedade cada vez mais repleta de informação.
Porque vivemos no século XXI e não vivemos no século XXI.
Porque não evoluímos assim para "tão" melhor.
Porque o que as meninas querem não é ser como a Barbie. O que as meninas querem é ser como a Barbie e ser as novas meninas da TV Cabo. E ter como ambição ser as novas meninas da TV Cabo, é ter como ambição um nome e um número de telefone para um "Me Liga, Vai", esfregar com ar lascivo a careca de um "homem comum", envergar lingerie sugestiva (sem soutien, ui que alegria) para fazer babar o comum dos espécimes de género masculino.
Porque esta associação preversa entre beleza feminina e poder não é de hoje e pelos vistos é de amanhã.
Porque isto é o que querem as meninas, as mães e os pais das meninas, e os namorados das meninas.
Porque para quê ter projectos na vida, se nada preenche mais a auto-estima e o ego que um par de mamas.
Se acho estúpido centrar o nosso encanto numa parte do corpo, o que dizer de centrar o nosso encanto numa parte do corpo que adquirimos como um carro, um plasma ou um relógio Calvin Klein...

Mas não é para agradar aos homens. Sentem-se melhor consigo próprias. Ai sim? E porquê? Porque é uma sensação do caraças ter um implante no peito? Porque lhes faz bem à saúde? Porque é como ter sede e beber água?
É como esta nossa ditadura dos pelos. Arrancamos os pelos. Porquê? Porque é uma coisa perfeitamente natural? Porque dá um prazer dos diabos arrancá-los todos com cera, máquinas, ou o que fôr... é uma maravilha, melhor coisa não há, por isso fazêmo-lo com gosto.
Não. Porque somos escravas de uma cultura machista dominante, que serve fantasias pro-pornogáficas, mas já nem vale a pena entrar por aí, porque senão vou parecer uma feminista a acenar o soutien em chamas.
E quando falo em usar ou não usar o soutien, acho que se deve fazê-lo ou não por se sentir confortável, com ou sem. Fisicamente, quero dizer, que a estética, essa, tem muito que se lhe diga.
Portanto: Silicone nas mamas, se não é para agradar aos homens, é para quê?
E a obrigatoriedade de agradar aos homens é porquê?
Porque faz parte da atracção entre os géneros, na reprodução das espécies... ah.
Pois a mim parece-me que há qualquer coisa de errado aqui.

E assim vamos avançando a galope na evolução da espécie. Eu diria mesmo que as mulheres correm de gatas. Que é bom, do ponto de vista masculino, porque a posição de "quatro" é uma das que lhes enche as medidas.

Enfim.

Talvez o interesse em ser possuidora de um par de mamas de silicone seja o de que perduram. Quando todos estivermos transformados em pó, elas prevalecem. Continuam, ali, rijas e perfeitas, as próteses.

10 comentários:

Emanuelle disse...

E está tudo dito!!!

Afinal, toda a gente quer ter dificuldade em apertar os botões das camisas;) E pensar que este meu problema agora é o desejo da maioria...

maçã disse...

eu vendo as minhas!

jg disse...

Eu sei, que tu sabes, que eu sei e é por isso que não nos substimamos e gostamos uma da outra. Quando for grande quero ser, também, como tu :)

Lia Ferreira disse...

Pensei: não tenho que explicar nada. A diferença, ambas sabemos qual é. Mas pelo sim, pelo não, tiraste-me um peso de cima. :D

E quanto ao resto, ainda ontem disse, numa conversa, que as crianças que conheço que melhor cresceram, independentemente de tudo o que lhes aconteceu, as melhor estruturadas, são as tuas.
és a melhor mãe que conheço, com as filhas mais espectaculares. :) Parece que isto não vem a propósito, mas vem, não é?
e olha, muitos beijinhos!
Ainda cá estou, esgotada.
Amanhã vamos.

jg disse...

referia-me, à medida da tua inteligência :)
Quanto ao que te referes, nem um pensamento tive sobre o assunto, precisamente porque sabemos.
Este post vem espicaçar um "problema" com que me deparo e debato ultimamente. QQ dia dou um murro na cara do primeiro que me aparecer à frente, em nome de todos que têm feito história, apenas porque sim, tipo esgar, tipo tique nervoso tipo o direito a não agir correctamente uma vez na vida.
Nem tu sabes o quanto a propósito vem... tinha acabado de mostrar-lhe o post não por aquilo, até porque ela também sabe, mas porque queria confrontá-la precisamente com a medida da inteligência tão essencial à discução que estávamos a ter :)
Gostou muito, claro está mas olhou para mim com um ar pensativo e disse-me que nos estavamos a esquecer de uma coisa... eu e tu :) e que como tal achava que estávamos a substimar a verdadeira razão, na maior parte das vezes subjacente e inconsciente às defendidas pelas pessoas...
A Biologia! Homens fortes, mulheres boas! Assim sobrevive a espécie! Tudo o resto são manias de humanos que se levam demasiado a sério na sua bestialidade intelectualizada.
:D

jg disse...

*discussão...
:P

sm disse...

E mais nada!! Concordo plenamente!!

:-SS

Psantos disse...

ai,ai...
gaita, foquem-se nos olhos!
Não precisam de proteses, nem de ser rijos, ou pontiagudos.
São assim mesmo e por mais que tentem plastificá-los, eles continuam transparentes e profundos.
Eu, eu vi assim!

Lia Ferreira disse...

ahn? Acordei agora... féris!!! :)

jo: não, não nos (me) esquecemos nada!
Então, há uma breve passagem por isso da Biologia: "Porque faz parte da atracção entre os géneros, na reprodução das espécies... ah."
Só que nem desenvolvo por aí porque pura e simplesmente acho que esse argumento também não é válido.
Se estivéssemos a discutir a coisa para além (ou aquém, para ser mais precisa) das próteses, tudo bem.
A questáo é que, a mesma biologia que põe os homens a babar por mamas (...) e as mulheres a babar por homens fortes (...), faz-nos a todos diferentes. E a atracção entre géneros e a evolução das espécies também passa por aí. Supostamente, além ds mamas, existem outros atributos que hipnotizam o macho. E todos têm a haver com a capacidade de procriar e cuidar das crias. As mamas e o aleitamento, ok. As ancas e o formato curvo, porque tem relação com a estrutura óssea e a capacidade da bacia alargar durante o parto (assim como o braço da mulher tem uma curvatura diferente do do homem porque proporciona "colo"), etc... já o rabo ao género, delicioso (mas vá-se lá saber porquê), das brasileiras, não tem muito a haver com a coisa... já é mais uma coisa da era pós-pornográfica. É que nós não pomos ovos... Deve mesmo estar relacionado com a posição "de quatro" e as tão aclamadas "canzanas", ao estilo tarzan em hurros a arrancar pelos do peito.

Bom, estou a desviar-me do assunto. Acho que a Biologia promove divesidade. E a atracção/evolução das espécies e géneros também passa por aí.
E as diferenças não são defeitos, são características. E não anda tanta gente preocupada com o joelho ou o cotovelo como com as mamas. Ou , vá, com o nariz, que há quem opere e transforme, como com as mamas...
Assim como a celulite, contra a qual tanto se luta, é a configuração normal do corpo da mulher adulta e madura! Entenda-se "matura", de pronta a procriar. é suposto ser mesmo assim! ok? Qual inflamação qual caraças... A celulite enquanto "problema" nasceu no final do século passado, com as marcas de cosméticos e revistas à mistura... até aí ninguém sofreu com isso. E não foi por causa dos avanços e das descobertas da medicina.

Bom, agoraa vou ver como está o tempo... :)
beijinhos a todos.

Lia Ferreira disse...

(isto para dizer, que depois anda tudo a querer alterar o que a Biologia faz por nós. Mamas, celulite, etc.)