terça-feira, 8 de abril de 2008

coisas mais ou menos pertinentes II

a suivre...

(abre aspas)

Quinta-feira, 27 de Março de 2008
ontem

fui ver o No Country for Old Men. Gostei muito do filme, muito dos actores, e achei que, embora incómodo por ser em aberto, o final contribuía para a passar a "mensagem" do filme... Mais um dos Cohen, mais um que gosto e pronto (não porque sim, mas porque corresponde e cumpre). E claro, o Bardem...

Mas hoje fui ver o There Will Be Blood e o Daniel Day Lewis...
E hoje voltei com um chapadão na "tromba"...
É que ontem gostei, mas o que vi hoje não esquecerei e cravou-se-me um bocadinho na carne e muito na memória!
Ainda me sinto a balbuciar as palavras...
O "gajo" é, desde (não digo "sempre" porque em pequena me apaixonei pelo Jeremy Irons no Reviver o Passado Em Brideshead - mas já passou!) há muuuuiitos anos o meu actor preferido e eu espero pelos filmes que se digna a fazer o tempo que é preciso... estava mortinha por ver este e voltei, como sempre, assombrada e arrebatada!
Há umas duas ou três semanas li na diagonal uma crítica/crónica na revista do Expresso em que o autor (sinceramente nem quis reter o nome, porque por "duas-ou-três" percebi que além de não concordar com ele em vários aspectos, nem sequer lhe reconhecia o mérito ou a lógica do raciocínio) dizia umas quaisquer bojardas a rondar o seguinte (e não estou a citar porque não tenho já, comigo, a dita revista): que o Daniel Day Lewis era histriónico, blá, blá, blá, e que gostava mesmo era de ver o George Clooney (comparava inclusivamente os dois filmes em cena com os últimos trabalhos dos dois actores), que esse sim, apesar dos filmes e das personagens, era sempre o George Clooney e que isso se sentia na subtileza do olhar, ou do sorriso, ou do raio que o parta, numa das derradeiras cenas do filme...
Ora isto, para mim, é precisamente onde da opinião passamos ao disparate...
É precisamente aqui que reside a diferença entre o Actor e a Movie Star, caramba!...
O Daniel Day Lewis (e já tive conversas semelhantes a propósito de actores portugueses e do José Pedro Gomes...) transforma-se; ele É outra pessoa: a chamada Personagem (e sim, é um substantivo feminino, independentemente do género, vulgo sexo, da mesma - ao contrário do francês, onde, não sei porquê, nos últimos anos toda a gente foi buscar o "estrangeirismo")!
A Personagem é um ser com identidade própria, com Passado, com Destino, com Intensão, Sentimentos, História, Vivências e a sua própria percepção das coisas... A Personagem é como se fosse realmente uma Pessoa! E aqui entram os actores! O Actor deve interpretar e dar vida a essa personagem! E deve fazer esquecer a quem assiste, o espectador (seja de cinema, teatro ou televisão), que existe para além da personagem!
Ora isto é mesmo MUITO difícil e muito RARO! E temos o mundo cheio de pessoas, vulgo actores, que, na realidade, não o são. Poderão ser muitas outras coisas! Bonit(a)os, fotogénicos, galãs, estrelas, carismáticos... sem serem actores! E protagonizar filmes, telenovelas, espectáculos...
O George Clooney é, sem dúvia, um charmoso... é o Homem da Nespresso, caramba! Mas é sempre, e sempre será, o George Clooney (como disse o homem do Expresso no outro dia)! E por isso é que não estamos a falar da mesma coisa...
O Homem que vi hoje não é o mesmo Homem do Em Nome Do Pai, do Último Dos Moicanos, ou do My Left Foot, e, no entanto, o actor é o mesmo! Curioso, não?

PS - E não estou a falar de "caracterização" ou maquilhagem... nãããoo... a construção é feita interiormente!
Se calhar o rapazinho só não sabe o que quer dizer histriónico!


PPS - Quanto ao filme propriamente dito, tal como o Magnólia, do mesmo realizador (embora muito diferente deste), quanto mais tempo passa, mais gosto dele!
E o crescendo até ao clímax da acção, sempre maior e maior, torna as primeiras duas horas perfeitamente justificadas.
:) incómodo! Um soco no estômago, porque "está tudo na cabeça"! Muito Bom.


ainda

e porque estamos a falar de gajos e de cinema, e, sem querer, de Óscares, também gosto muito deste!



(fecha aspas)

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