quarta-feira, 21 de novembro de 2007

No Domingo

foi a vez de, inesperadamente irmos ver "Os Melhores Sketches dos Monty Python".
Gostei bastante. Mais de umas coisas do que de outras. Mas é natural. Uns quadros tão Monty Pythianos que sorri para dentro, de estupefacção, outros tão hilariantes que me ri à gargalhada... :)
A tradução e adaptação do Nuno Markl pareceu-me muito feliz e, sem demérito para os outros actores - mimos exemplares, cheios de graça e expressividade, que adoro - tive mais uma vez a constatação de que o José Pedro Gomes é talvez o melhor actor português.
E quando digo actor, digo "Actor" - o que pratica a arte dramática. É que, ainda p'ra mais numa altura onde toda a gente reclama para si o título de actor, seja modelo, pin-up, futebolista ou prostituto, é de notar que um Actor é outra coisa. Mas nem é preciso levar tão a extremos a comparação (porque não estamos definitivamente a falar da mesma coisa nem de algo parecido, por muito que as televisões e revistas de hoje em dia nos façam querer parecer...)! Basta comparar o trabalho e o talento do José Pedro Gomes ao de outros actores igualmente "conceituados" e genericamnete "considerados" como tal...
Eu nunca vi nada assim. E, acreditem, que vi muita coisa e conheço muita gente (actores, actrizes) e estive atenta a "isso". (Excepção feita a uma das vezes em que vi o Luís Miguel Cintra e "não era o Luís Miguel Cintra - ou: levei algum tempo para perceber se efectivamente era, tal a transformação ocorrida! nota: não estou a falar de caracterização ou maquilhagem...)
O José Pedro Gomes não é ele próprio, no palco, a "fazer de"...
O José Pedro Gomes é, a cada vez, uma outra pessoa. Uma personagem. Ele é. Ou ele faz-nos crer que É!
É toda uma construção de um outro ser, da maneira como respira, como se move, como fala...
É toda uma outra pessoa em que se acredita, do princípio ao fim. É uma outra existência, com vida e história próprias. Com um Passado, um Presente e um Futuro.
Não é ele a fingir que é outro. Não é ele a fingir que está zangado, triste, contente... É outra pessoa zangada, triste ou contente...
E nem mesmo em quem eu ouvi tantas vezes criticar colegas actores e a sua construção de personagem com um "ele não existe" eu reconheci alguma vez uma mísera parte disto. E por acaso até são pucos os actores que me deram a sentir, no cinema internacional, tal coisa.
A primeira vez que testemunhei este "fenómeno" e "percebi" (ah, então é isto?!) foi a assistir a este mesmo senhor representar em "Laranja Azul". E já tinha assistido a muitos espectáculos de Teatro, que até me despertaram muitas emoções e considerei bons espectáculos. Mas isto é uma coisa única. Como um cometa que passa perto da Terra de milhares em milhares de anos...

4 comentários:

maçã disse...

fui ver ha umas semanas e se queres que te diga não gostei... achei a adaptação muito fraquinha, muito ao género "malucos do riso"... mas o mal está em mim, que sou fanatica dos originais e nao consigo ver aquelas piadas traduzidas e sem o john cleese. Mas de uma coisa gostei! de perceber que temos actores fabulosos de comédia. Ver o José Pedro Gomes e o Miguel Guilherme nos mais variados bonecos já valeu a pena a ida.
(e os rabos....! ou nao!)

Lia Ferreira disse...

pois, percebo. Mas acho que o Miguel Guilherme, de quem gosto muito e que muito me diverte, fez bonecos. O José Pedro Gomes, não. :)
Os rabos, sim.
E não achei nada ao nível dos malucos do riso.
:b

maçã disse...

entao era eu que tava de muito mau humor nesse dia! ;)

Lia Ferreira disse...

:D

és uma miúda muita fixe! :)